As comemorações ajudam a mudar o futuro das crianças
Pais inspirados pelas apresentações
Um pequeno agricultor de tabaco, que tem quatro filhos, ficou intrigado com os sons das comemorações do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil do programa da ARISE em TBZ Norte, Zâmbia. Uma parada musical e outras apresentações mudaram o futuro de seus filhos para sempre.
Lukano C. de 11 anos, vive na comunidade de Kamasisi, na área conhecida como o Conselho de Tabaco da Zâmbia (TBZ) Sul, no distrito de Nkeyema, na Província Oeste da Zâmbia. Seus pais estavam envolvidos no cultivo de tabaco por mais de 25 anos. Ela lembra hoje, como muitos agricultores na área, que ano sim, ano não, seus pais se mudavam de um lar para outro em busca de uma terra melhor para cultivar.
Quando Lukano começou na escola em janeiro de 2010, ela só compareceu às aulas nos primeiros seis meses do ano. Ela relembra como, em junho daquele ano, de manhã bem cedo seu pai disse a ela e a seus irmãos mais velhos que reunissem seus pertences para começar a mudança a um novo pedaço de terra. ‘Meu pai gritou, “Biemba, Lumingo, Mayondi, Nawa, Sendoi, por que estão demorando tanto? Temos que ir. Apressem-se todos!".
Com apenas sete anos, Lukano a princípio pensou que a viagem fosse ser divertida. Ela não percebeu que marcaria o fim de sua vida escolar e sua entrada em tempo integral no trabalho infantil. A família se mudou para cerca de 15 quilômetros além de sua antiga vila, que já ficava a certa de três quilômetros da Escola Primária de Kamasisi. Se ela tivesse frequentado a escola, ela teria um percurso diário de cerca de cinco horas, então não teve outra escolha a não ser abandonar os estudos. Seus irmãos mais velhos continuaram indo às aulas a princípio, mas logo saíram também.
Entre outras atividades da ARISE, o programa divulgou mensagens de conscientização e facilitou a formação dos Comitês Comunitários de Trabalho Infantil (CCLCs) e de um Comitê Distrital de Trabalho Infantil (DCLC) os quais, em 12 de junho de 2014, encabeçaram uma série de atividades para comemorar o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil (WDACL) nas doze comunidades em que a ARISE atua. Sem que Lukano soubesse, essas comemorações marcariam um momento de mudança em sua vida.
O pai de Lukano havia produzido uma grande colheita de tabaco em 2014 e levou seu produto para venda nas unidades da JTI. Em 12 de junho ele havia acabado de receber seu dinheiro quando ouviu a Banda Militar do Exército da Zâmbia tocando suas marchas e viu uma multidão de cerca de quinhentos pais, alunos, membros da comunidade, representantes do Ministério do Trabalho e pessoal da ARISE Zâmbia seguindo a banda. Produtores de tabaco largaram seus fardos e correram para ver o que estava acontecendo.
A banda conduziu a multidão aos campos de futebol e o pai de Lukano ficou surpreso de ver os ex-colegas de seus filhos em camisetas de com as palavras "Proteção Social contra o Trabalho Infantil". O Comissário Distrital leu um discurso do Ministro do Trabalho declarando que era uma vergonha encontrar, nesta era, pais não enviando seus filhos à escola, mas fazendo-os trabalhar em suas fazendas de tabaco e outras formas de trabalho perigoso. O discurso do Ministro comentou sobre os perigos que tais atividades representavam à saúde das crianças, à sua educação e seus direitos e alertou os pais de que o governo, através da ação das CCLCs, iria visitá-los para garantir que esses direitos fossem protegidos.
Após o discurso, alunos e membros da comunidade apresentaram poemas, músicas e encenações teatrais sobre o tema da proteção social contra o trabalho infantil. Depois os alunos disputaram partidas de netball e futebol, e foram entregues prêmios aos dois times vencedores. O que tocou fundo no pai de Lukano foi um poema intitulado "Parem com Trabalho Infantil" por um aluno do primeiro ano.
De acordo com observadores, o pai de Lukano se ajoelhou em frente à multidão e, enquanto chorava, declarou que estava voltando à sua antiga comunidade e pediu desculpa a todos os presentes por sua falta de visão em relação a seus próprios quatro filhos. Muitos outros pais também foram vistos em lágrimas.
Lukano agora está de volta ao primeiro ano depois de quase cinco anos afastada da escola.
História contada pelo professor de Lukano C. a Christine Nanyangwe, Coordenadora de Envolvimento Escolar da Winrock International.